sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Os desfibriladores e meu amor

Você tem medo do que eu posso fazer. Mas já faço aquilo que eu mais temia: te revivo, te trago da morte que é você no meu passado. Uso desfibriladores toda hora que penso em nós: eu caindo de cara no chão, torcendo meu pé e você dando risada de mim ao invés de me ajudar. Lembro que tive de colocar tala. Te trouxe da morte do meu eu sozinho quando lembrei que você riu de mim dizendo que eu parecia não ter o dedo mindinho do pé quando estava de tala. Eu ri também. Era tão simples, mas aconteceu em um momento em que tudo era tão difícil pra nós.
Agora você morreu. E eu não uso mais os desfibriladores.
Mas ainda acredito em reencarnação.
Minha felicidade vai renascer em outra pessoa, uma pessoa com uma alma muito mais acolhedora, que irá me dar o valor que eu tanto te dei.
Não te culpo. Você não me iludiu.
Eu me iludi. Eu, sozinha. Via coisas onde não tinha.
Ainda te amo.
Fica aqui, gravado o que sobrou de nós.
Não espero ver você voltar e falar que podemos recomeçar.
Recomecei sem você.
Estou inconsolável e você, enterrado no meu passado, pra nunca mais voltar de uma vida artificial.

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